Diante do novo paradigma vivido, o da visão sistêmica, torna-se possível o desenvolvimento de outras formas de sobrevivência em consonância com o ambiente complexo. Para isso, devemos construir uma forma de convivência humana em escala planetária, tanto no aspecto comunitário, como institucional. Também precisamos construir uma cultura de respeito às diversidades (cultural, religiosa, profissional, de gênero, de histórias de vida, etc) para poder encarar o outro como verdadeiro outro, pois o que existe de mais comum entre todos os seres (inclusive os humanos), é justamente a diferença. Essa postura passa pela compreensão do campo ético, mas precisamos considerar outros aspectos dentro da consciência planetária, como o espiritual, o existencial, o ecológico e o epistemológico. Enfim, precisamos (re) pensar nossas relações com a natureza, mas antes, necessitamos analisar nossas relações entre nós mesmos. Portanto, ser um cidadão planetário é valorizar as relações, os laços de comunhão entre grupos, instituições e outras organizações, além de apreciar o permanente processo de aprendizagem e transformação. Como descrevem Gutiérrez & Prado (2000:47), devemos banir a ordem preestabelecida, linear, seqüencial e essencialmente hierárquica das coisas para dar lugar a outra ordem, que é flexível, progressiva, complexa, coordenada, interdependente, solidária e auto-regulada. Sendo assim, a cidadania planetária se caracteriza por esse todo integrado.
O Planeta Terra é um sistema organizado e complexo, e não existiria sem os seus elementos essenciais (água, luz, ar, plantas e animais), portanto, o cidadão planetário pensa de forma planetária e integrada, e está preocupado com a Terra, porque ele faz parte dela.
A pessoa planetária, segundo Vío Grossi (1994:41, apud Gutiérrez e Prado, 2000), vive em contato e comunhão com a natureza, sentindo-se parte dela e não dono; vive a vida como processo e está afastada de concepções rígidas e estáticas de vida; preocupa-se e suspeita do poder, da hierarquia e de sua utilização para dominar os demais; procura unir elementos que geralmente caminham de forma separada, como homem e mulher, ciência e senso comum, razão e sentimento, mente e corpo, sensatez e loucura, etc.; está interessada nas perguntas e não aceita as respostas, desse modo, busca o lado oculto da vida, o não dito, o não proposto, a história não contada; os bens materiais, que representam status social, são menos dominantes; não é dogmática e há uma abertura para o novo; tenta ser solidária na medida do possível; desconfia da burocracia e apresenta autoconfiança no valor de sua própria experiência.
domingo, 15 de junho de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário